Saturday, January 16, 2010

Verdade, espantosa banalidade, inesperada verdade

"Que é feito daquela juventude? Aqueles escritores e poetas, e aqueles génios, aquela juventude, a «jovem geração» como ela orgulhosamente se intitulava, orgulhosa de ser jovem, sem imaginar que a velhice e a morte existiam, que esperavam por eles no fim da estrada. Onde estão os eternamente jovens que eles julgavam ser? Ou, em todo o caso, criadores de obras-primas imortais, «obras-primas» esquecidas , sepultadas, desaparecidas entre dezenas de milhares de outras obras-primas, montes e montes e montes de quadros, de papel, de papéis, palavras que o vento levou, o vento, as tempestades da história ou apenas o tempo, esse abismo implacável, o tempo que gasta, destrói, rasga, dissolve tudo. Banalidades, sim, banalidades, verdades. Verdades que cada um, cada geração descobre, progressivamente, com o mesmo espanto, o mesmo desespero, a mesma angústia desde há séculos e séculos e séculos. E até isto, até esta descoberta é banalidade. Verdade, espantosa banalidade, inesperada verdade. Patetas que nós somos."

Eugéne Ionesco, A Busca Intermitente